terça-feira, 17 de novembro de 2009

Momento Zen...

Peligrafias ferreirenses


... alguns apontamentos fotográficos ....


Ferreira sunset




Elasticidade retroescavante




"Quinta dos Cavalos", Monte da Boavista




Fornos abandonados no Monte da Figueirinha









... se me lembrar mais virão ...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sankt Pauli, mais do que um clube



O Sankt Pauli é o clube de futebol de um bairro com o mesmo nome na cidade alemã de Hamburgo. Neste momento, encontra-se na segunda divisão da Bundesliga. O Sankt Pauli é conhecido mundialmente pela combatividade dos seus apoiantes. São anti-racistas e antifascistas. Envergam uma bandeira negra com a caveira, como a dos piratas. As suas coreografias são arrojadas e os cânticos imprimem uma alegria entusiasmante nos estádios.

No passado dia 2 deste mês, o Sankt Pauli jogou contra o principal rival, o Hansa Rostock. Depois da partida, o encontro era notícia por televisões e jornais de todo o mundo. Apesar das centenas de efectivos policiais, geraram-se tumultos durante várias horas. Tudo começou com as provocações da torcida do Hansa, conhecida pelas simpatias nazis. Ao longo do jogo, faziam a saudação romana e provocavam os adeptos do Sankt Pauli. Contudo, foi a equipa de Hamburgo que saiu feliz. Venceu por duas bolas a zero.

O momento do jogo aconteceu quando Naki Jubel, alemão de origens turcas, do Sankt Pauli festejou o golo marcado. Correu para junto dos adeptos do Hansa Rostock que o insultavam e faziam a saudação nazi. Olhou-os e passou um dedo pelo pescoço. Depois do jogo, sob o apoio entusiástico dos ultras do Sankt Pauli e sob o ódio dos nazis do Hansa Rostock, os jogadores vitoriosos embrulharam-se nas bandeiras piratas da claque antifascista e Naki Jubel espetou a bandeira do clube na relva do Hansa. Houve, de imediato, uma tentativa de invasão de campo por parte dos adeptos da casa, que foi impedida pela polícia. Lá fora, os confrontos duraram horas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A propósito do 20º aniversário da queda do muro de Berlim...


Em todos os meios de comunicação, nacionais e internacionais, o enfoque é o aniversário da queda do muro de Berlim.Sim, é um marco histórico.Sim, tem a sua importância no decurso da Europa e do Mundo.Sim, foi um presságio para a queda da União Soviética...Mas tanta euforia para quê?

Representantes europeus, a lady Clinton entre outros, depressa esqueceram os problemas dos seus países e lá foram até Berlim para a cerimónia oficial, onde o momento alto será a queda de um sem número de peças de dominó.Roger Waters e os U2, por exemplo, também estarão presentes.Em suma, os grandes libertadores democráticos em uníssono pelo dia da liberdade, pelo dia em que a democracia chegou à Alemanha de Leste.Foi este o dia em que o povo da Alemanha de Leste pôde finalmente escolher.Eram agora livres...ou não.

E eu pergunto...Não existem mais muros?Não existem mais regiões onde a democracia e a liberdade tardam em surgir e onde o povo vê constantemente a sua auto-determinação recusada?Assim de repente surge o exemplo da Palestina e dos territórios ocupados pelos sionistas.Onde andam os U2´s, os Clintons, os Sócrates ou os Barrosos?Onde andam as peças de dominó?Ou em Cuba?Depois de anos consecutivos de um bloqueio imoral que não tem memória.Onde andam estes senhores?Poderíamos de igual forma falar dos Iraques ou dos Afeganistões que continuam a sofrer às mãos dos "libertadores"...Ou mesmo aqui ao lado com a luta pela independência no País Basco e no Sahara Ocidental.Onde andam?

Para mim, mas quem sou eu, esta coisa cerimonial em Berlim tem como objectivo manchar aquilo que foi a União Soviética e ideologia patente.Apesar de ter tido muitas coisas más, ainda hoje uma parte das pessoas que viviam no dito regime ditatorial têm saudades desta época.Dizem que viviam melhor nessa altura que agora.Tinham acesso a estruturas que hoje não têm.E quem tenha olhos na cara vê isso mesmo...Porque é que os ucranianos aprendem a falar melhor o português que os espanhóis, franceses, ingleses, italianos, .... ?

Sem querer estar a defender com unhas e dentes a União Soviética, custa-me ver este tipo de coisas.Não esquecer que após esta época e com a queda da URSS as guerras não têm terminado.Ora contra este ora contra aquele.E sempre com o mesmo à cabeça.Será que foi assim tão bom o muro ter caído?

Pois é.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ciganos em Ferreira




É sabido que não se inserem na comunidade.Têm os seus costumes enraizados na diáspora que é o nomadismo.Há quem os defenda, há que quem os acuse.São tema de muitas conversas, nomeadamente quando falamos de criminalidade ou quando falamos de "preguiça laboral".Tocam e cantam como ninguém e segundo parece têm os tachos da cozinha a brilhar como novos.São sem dúvida um povo particular.Contudo, não me cabe a mim criar juízos de valor sobre este povo, o povo cigano.

Ao que parece aqui na região de Beja os ciganos mantêm a tradição nómada.Deambulam com os seus cavalos e carroças, acompanhados por vezes das suas conhecidas carrinhas Iveco. Acampam onde têm espaço e vão ficando por um par de dias neste ou naquele terreno baldio.Aqui em Ferreira é normal vê-los passar com as suas carroças.Dão de beber aos cavalos no chafariz ou então vão para a barragem de Odivelas.Fazem fogueiras para se aquecer e para cozinhar.Um ponto negativo que não os favorece é o imenso lixo que fazem e que depois não o limpam.

No dia de ontem, enquanto estava a acompanhar uma das muitas máquinas a abrir vala para regadio, vi uma coisa que me surpreendeu.Apesar dos processos mecânicos serem cada vez mais usuais na agricultura, nomeadamente na pequena agricultura, a apanha da azeitona, pelo menos naquele terreno, estava a ser realizada manualmente por famílias ciganas.Qualquer outra pessoa que não fosse desta região diria que "lá estão os ciganos a roubar". Mas não.Pegaram pelas 7h da manhã e às 14h, depois de ter ido almoçar, ainda lá estavam.Cerca das 16/17h, creio eu, foi quando os vi pela última vez.Com varas em madeira e uma rede lá iam batendo nas oliveiras como se sempre fez antes da introdução das máquinas na agricultura.Bem organizados, todos sabiam bem o que fazer.Aqui não existe diferença entre o homem e a mulher.Todos trabalham igual, excepto subir às árvores que foi sempre o mesmo moço, talvez por ser ainda jovem e ágil.

Falei com um dos ciganos.Sempre amável lá foi dizendo algumas coisas, aproveitando para descansar das imensas horas de braços ao alto com uma vara de quase 6 metros.Visivelmente cansado não desistiu e lá continuou.Ainda esbocei umas palavras para o pequeno que trazia com ele, possivelmente filho, contudo sem grande sucesso, pois o "espanholês" não era muito perceptível.Perceptível era a felicidade daquele míudo quando apanhava uma azeitona e a escondia na manga...

Tentei perceber quanto recebiam de salário mas sem grande sucesso.O senhor apenas me disse: "Já tenho o dia feito...Já apanhámos 17 sacos de azeitona".Na apanha da azeitona, para além do suposto salário de uns meros tostões à hora, existem dois tipos de "contrato". O primeiro é a divisão da azeitona, fifty-fifty, metade para o dono da terra, metade para o trabalhador (equipa).O segundo é a terça, ou seja, 1 terço para o dono da terra, dois terços para o trabalhador (equipa).

Depois de uma breve investigação é normal aqui para baixo serem os ciganos a apanhar a azeitona manualmente, sem a intervenção de qualquer máquina.Existem cada vez menos portugueses a realizar esta árdua tarefa...

Afinal os ciganos também "podem" trabalhar ... e pelo que vi até trabalham bastante bem.